sexta-feira, 10 de abril de 2015

Um Poema...



P
oemas podem ser intrínsecos, complexos, difíceis, fáceis, etc. Podem estar carregados de conteúdo, alma, sentimentos, até mesmo quando são formados de uma seleção de palavras fáceis... Podem retratar o corriqueiro, podem fazer sentido, podem não fazer sentido e ainda assim causar as mais diversas interpretações. Poemas são profundos, intensos, podem ser confortantes, emocionantes, motivantes, melancólicos, felizes, tristes. Poemas são livres, tomam a forma que o sentimento de quem escreve molda de acordo com ambientes, acontecimentos, pensamentos, sonhos, paixões, amores... Poemas podem falar de tudo, até mesmo quando não falam de nada. Podem falar de nada, quando de muito se fala. Poemas são uma forma bonita de expressar até mesmo as coisas mais abstratas.



Saudade

Escurece essa saudade

Respingando por cem anos

Essas gotas que são pó



A vertigem aparente,

O olhar se torna ausente,

Na garganta faz-se um nó



Nostalgia sem piedade

Ignora sua verdade

Faz da mente o seu lar



Seus grisalhos já não mentem

Seu olhar brilha apagado

Cego por observar



Um caminho só de ida

Dia longínquo da sua vida

Seu coração foi passear



Desprendeu-se, fez-se externo

Seu esforço mais sincero

Foi ainda esperar

Marcos J. 


Outro dia a Stan disse que seria interessante comentar o poema... Confesso que não havia pensado nisso e, apesar de eu gostar que cada pessoa interprete da sua maneira, me convenci a comentar a forma que vejo esse poema. 
Escrevi pra ser algo meio sem pé nem cabeça, com frases que parecem sem sentido, mas que tivessem um sentido. Digamos um sentido meio absurdo, que exigisse um pouco mais da imaginação para que existisse.

Trata-se basicamente do envelhecimento, de como o tempo passa tão rápido e o que aparentemente é demorado pode ser interpretado como "de repente" em momentos que paramos para pensar em coisas que aconteceram há tempos. Os segundos se tornam minutos que se tornam horas, meses, anos. Meros respingos da nossa vida. Ficam os nós na garganta, os fantasmas do passado, as vontades, as boas e más escolhas. A nostalgia ignora que tudo já passou e pesa com força em nossos pensamentos. Sufocam o presente com memórias tão marcantes, tomam conta da nossa mente, muitas vezes nos mostram que diversas fases passadas da nossa vida são classificadas como as melhores. Mas a idade não se esconde, fica aparente, o tempo passa e deixa bem claro que passou. Deixa suas marcas. Por fim as paixões, quando o coração se torna externo, passando a viver pelo pulsar alheio, chegando ao estágio de esperar, até que o que nos resta de fato é esperar que a vida se esvaia, durante seus respingos, até que se torne pó.

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